Pages

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

BICHO

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.


Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.


O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.


O bicho, meu Deus, era um homem.


Rio, 27 de dezembro de 1947

Um comentário:

leitura e criação disse...

Esse poema nos faz refletir sobre a situação em que vivemos hoje.
Enquanto que muitos possuem tanto, outros não têm nada e se sustentam buscando seus alimentos no lixão. É duro de aceitar, mas é real.
Manuel Bandeira resumiu bem uma situação vista por ele, e conseguiu transformar em poesia uma realidade dolorosa.

Postar um comentário